Tireoide: pequena glândula, grande importância
Atualizado: 9 de nov. de 2021

"A tireoide é uma glândula bem pequena, localizada na parte anterior do pescoço e tem um curioso formato que se assemelha a uma borboleta. Apesar de pequena, ela tem uma importância muito grande ao nosso organismo. Espero que aproveite a leitura. Confira no final desta matéria, um podcast que eu fiz para você!".
Nesse artigo iremos falar sobre toda essa importância e ainda discutiremos no final o tipo mais comum de alteração, o hipotireoidismo de Hashimoto.
A glândula capta através da alimentação ingerida, um aminoácido não essencial chamado tirosina e o iodo e partir disso, torna-se responsável, através de uma infinidade de reações, por produzir os hormônios tireoidianos T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), sendo somente o segundo considerado “bioativo”, ou seja, o que realmente faz “efeito”.
A glândula não é a única responsável por produzir o hormônio ativo (T3), outros tecidos também são capazes, através de uma enzima chamada Deiodinase, de transformar Tiroxina (T4) em T3 em uma reação dependente de alguns minerais como selênio e fósforo.
Os efeitos do T3 no organismo são muitos. Esse hormônio está relacionado com a sinalização para o funcionamento inúmeros sistemas como o gastrointestinal, cardiovascular e neurológico; Além do estimulo a formação de fâneros, regulação do fluxo menstrual feminino, humor e disposição.
Inúmeros fatores podem atrapalhar o bom funcionamento da glândula.
Causas externas como tabagismo, sedentarismo e alcoolismo, ma alimentação, ausência de minerais essenciais e vitaminas, intoxicações, menopausa (clique para conferir a matéria) e até mesmo auto-imunidade, podem afetar na produção dos hormônios.
Sabendo de toda a sua importância, podemos imaginar que a ausência ou diminuição dos níveis de T3 (hipotireoidismo) bem como aumento exagerado na sua produção (hipertireoidismo), é altamente manifestada com sintomatologia expressiva no organismo.
No caso do hipotireoidismo, que é a alteração mais comum da glândula, costuma-se notar os seguintes sintomas:
- Aumento de peso
- Unhas e cabelos quebradiços
- Dificuldade de concentração
- Falta de memória
- Fadiga
- Dificuldade para realizar exercícios
- Dores articulares
- Dores musculares
- Constipação ou diarreia
- Aumento do índice de gordura corporal
- Alterações no sono
O diagnóstico do hipotireoidismo consiste em avaliação clínica, onde a sintomatologia tem importância crucial, associada a avalição de níveis hormonais séricos e exames de imagem.
O Tratamento é realizado com modificação no estilo de vida, baseado em exercícios físicos regulares e uma boa alimentação (em alguns casos é necessário retirar alguns alimentos da dieta), além é claro da reposição do hormônio tireoidiano e suplementação caso seja necessário.
Vamos falar um pouco sobre o tipo mais comum de hipotireoidismo ?
HIPOTIREOIDISMO DE HASHIMOTO
A tireoidite de Hashimoto ou tireoidite linfocítica crônica representa a mais comum das tireoidites e também a causa mais frequente de hipotireoidismo cuja origem é autoimune.
Seu mecanismo de patogênese ainda não é completamente conhecido, mas sabe-se que consiste basicamente na ação de células de defesa do próprio organismo (Anti-TPO) sobre a tireóide que resulta em agressão ao local, inflamação e leva a tireoidite.
A glândula tireóide por sua vez, não consegue realizar seu funcionamento normal devido o processo inflamatório local, que leva a destruição e morte de células foliculares (células que formam a glândula) no local. Os autoanticorpos (Anti-TPO) produzidos também competem antagonicamente com o TSH (hormônio que estimula a tireoide a funcionar), diminuindo a capacidade de funcionamento e consequentemente levando a uma menor produção dos hormonios. *Alguns pacientes podem cursar com hipo e hipertireoidismo transitório*
O hipotireoidismo de Hashimoto costuma ser mais frequente em mulheres do que homem (cerca de 5 a 20 vezes mais), pode acometer qualquer idade mas é mais incidente entre os 40 - 60 anos.
O quadro inicial pode variar de um paciente para o outro. Alguns iniciam o quadro apresentando dores no pescoço, bócio (aumento do tamanho da glândula) ou até mesmo sintomas como sensação de “uma bola na garganta”, além é claro dos mais comuns como por exemplo fraqueza, fadiga, mialgia(dores musculares), dispnéia (falta de ar), apatia, aumento de peso, humor deprimido, dificuldade de memorização além de unhas e cabelos quebradiços.
O tratamento é feito com reposição do hormônio, pois a ausência deste no organismo trás complicações importantes no desenvolvimento e no dia a dia. Restrição de glúten na dieta, glicorticoides para redução dos sintomas locais em alguns pacientes e em casos mais graves o tratamento cirúrgico pode ser indicado. Ainda precisam ser avaliados alguns auxiliares importantíssimos ao tratamento, como os níveis de vitamina D, selênio, magnésio, zinco, Inositol e outros que precisam ser adicionados ao hall terapêutico do individuo com hipotireoidismo de Hashimoto.
Grande abraço,
Dr. Ronaldo Wilson Barroso Filho